A requalificação das arribas da Foz do Arelho vai fazer surgir “espaços de contemplação do mar”, como designa o vereador Hugo Oliveira, que destaca a preocupação em “preservar a natureza e usufruir dela”.
As obras, orçadas em 800 mil euros, com participação do Programa Operacional de Valorização do Território em 85%, ainda não estão concluídas, faltando uma guarda nos passadiços, o piso na ciclovia, plantação da vegetação e instalação do mobiliário urbano, com placards de explicação do percurso e bancos, mas o vereador mostra-se já orgulhoso com o resultado final.
A projetista Nádia Schilling foi quem idealizou a obra, tendo explicado ao JORNAL DAS CALDAS que “em 2008 surgiu um convite por parte da Câmara Municipal das Caldas da Rainha para integrar duas equipas que tinham como objetivo desenvolver três projectos: a requalificação da envolvente ao cais, da Avenida do Mar e dos miradouros da Foz do Arelho”.
“No caso específico deste último projecto, acabei por desenvolver e apresentar à Câmara das Caldas, ARH e CCDR-LVT uma proposta que se estendia para além dos miradouros, que sugeria a sua ligação através de um passadiço sobre-elevado em madeira, que teria a componente importante na redefinição de percursos que as pessoas poderiam percorrer com segurança, e que tinha uma componente mais ecológica, dado que este projeto passaria a constituir uma primeira fase na recuperação da vegetação autóctone que caracteriza as arribas da Foz do Arelho. Foi assim que o projeto de Requalificação dos Miradouros evoluiu para o projeto de Requalificação das Arribas. As propostas para o cais e Avenida do Mar acabaram por não passar da fase de estudo prévio e fiquei responsável por este último”, relatou.
De acordo com a técnica, o projecto de requalificação das arribas parte, em primeiro lugar, “de uma necessidade urgente de regular os usos da arriba e de recuperar a vegetação que a caracteriza, para que possa cumprir a sua função de controlo da erosão”.
“As arribas são espaços de uma enorme valor e sensibilidade ecológica. São zonas que se caracterizam por estar sujeitas a uma erosão natural causada pelo mar e pelo vento. O que se tem verificado ao longo dos anos, não só na Foz do Arelho, mas um pouco por todo o país, é que esta erosão foi amplamente acelerada pelo mau uso destas áreas. O acesso a veículos, a sua utilização como estacionamento, a devastação da sua vegetação característica, entre outros factores, têm conduzido à sua destruição e fragmentação progressivas, e tem criado condições de risco para a segurança das pessoas que utilizam estes espaços”, descreveu.
Antes de avançar com uma proposta, foi desenvolvido um estudo pela Universidade de Lisboa, encomendado pela Câmara Municipal das Caldas da Rainha, que definiu, após testes efetuados no local, uma faixa de risco. “Foi apenas com base nessa informação, a par de um levantamento de todas as condicionantes, trilhos existentes (que evidenciavam a circulação pedonal preferencial feita sobre a arriba), e vegetação invasiva, que se avançou para um projecto.
As obras, orçadas em 800 mil euros, com participação do Programa Operacional de Valorização do Território em 85%, ainda não estão concluídas, faltando uma guarda nos passadiços, o piso na ciclovia, plantação da vegetação e instalação do mobiliário urbano, com placards de explicação do percurso e bancos, mas o vereador mostra-se já orgulhoso com o resultado final.
A projetista Nádia Schilling foi quem idealizou a obra, tendo explicado ao JORNAL DAS CALDAS que “em 2008 surgiu um convite por parte da Câmara Municipal das Caldas da Rainha para integrar duas equipas que tinham como objetivo desenvolver três projectos: a requalificação da envolvente ao cais, da Avenida do Mar e dos miradouros da Foz do Arelho”.
“No caso específico deste último projecto, acabei por desenvolver e apresentar à Câmara das Caldas, ARH e CCDR-LVT uma proposta que se estendia para além dos miradouros, que sugeria a sua ligação através de um passadiço sobre-elevado em madeira, que teria a componente importante na redefinição de percursos que as pessoas poderiam percorrer com segurança, e que tinha uma componente mais ecológica, dado que este projeto passaria a constituir uma primeira fase na recuperação da vegetação autóctone que caracteriza as arribas da Foz do Arelho. Foi assim que o projeto de Requalificação dos Miradouros evoluiu para o projeto de Requalificação das Arribas. As propostas para o cais e Avenida do Mar acabaram por não passar da fase de estudo prévio e fiquei responsável por este último”, relatou.
De acordo com a técnica, o projecto de requalificação das arribas parte, em primeiro lugar, “de uma necessidade urgente de regular os usos da arriba e de recuperar a vegetação que a caracteriza, para que possa cumprir a sua função de controlo da erosão”.
“As arribas são espaços de uma enorme valor e sensibilidade ecológica. São zonas que se caracterizam por estar sujeitas a uma erosão natural causada pelo mar e pelo vento. O que se tem verificado ao longo dos anos, não só na Foz do Arelho, mas um pouco por todo o país, é que esta erosão foi amplamente acelerada pelo mau uso destas áreas. O acesso a veículos, a sua utilização como estacionamento, a devastação da sua vegetação característica, entre outros factores, têm conduzido à sua destruição e fragmentação progressivas, e tem criado condições de risco para a segurança das pessoas que utilizam estes espaços”, descreveu.
Antes de avançar com uma proposta, foi desenvolvido um estudo pela Universidade de Lisboa, encomendado pela Câmara Municipal das Caldas da Rainha, que definiu, após testes efetuados no local, uma faixa de risco. “Foi apenas com base nessa informação, a par de um levantamento de todas as condicionantes, trilhos existentes (que evidenciavam a circulação pedonal preferencial feita sobre a arriba), e vegetação invasiva, que se avançou para um projecto.
Este consistiu na delimitação de um percurso seguro, que afasta as pessoas da faixa de risco, que condiciona o acesso pedonal e viário, e que permite a ligação entre miradouros. Todos os materiais e técnicas construtivas foram escolhidas com rigor e tendo em vista a segurança da estrutura e a durabilidade da obra. Estão ainda previstos placards informativos que alertem as pessoas para a sensibilidade ecológica e valor paisagístico destes espaços, e que irão incluir normas de segurança”, referiu.
Quem visitar a Foz do Arelho passará a ter “uma nova visão, mais cuidada e dinâmica”. Para isso houve que “fundir os fatores naturais com os elementos de arquitetura”, tendo sido necessário acautelar algumas preocupações neste processo.
“Uma vez que a intervenção se localiza num espaço natural com características muito especiais, a ideia desenvolveu-se a partir da imagem do que é a dinâmica natural dos sistemas dunares e de arriba: as fractais. Tentou jogar-se com a ideia, ao ter de construir uma estrutura artificial, de que esta tivesse uma forma tão natural quanto possível”, indicou.
“Desta forma, a pretensão foi a de criar um percurso contínuo que distribuísse as pessoas por várias zonas. Estes espaços são procurados sobretudo como espaço contemplativo e de reflexão. Por isso dividiu-se os miradouros em pequenas plataformas individuais sobre-elevadas, que incluem uma cadeira rotativa (para que o utilizador possa escolher para onde olha), o que permite, dentro do possível, que cada pessoa que procura esse momento de reflexão, tenha alguma privacidade”, pormenorizou Nádia Schilling.
“Em simultâneo, foi dado um passo importante na renaturalização dos espaços degradados, criando condições para a sua recuperação, o que incluiu a replantação de vegetação autóctone numa área significativa. Infelizmente, fica ainda muito por fazer, sobretudo ao nível do controlo das espécies invasoras”, comentou a projetista.
Uma grande preocupação foi ainda a de “criar uma estrutura que permitisse o acesso a pessoas com mobilidade condicionada”. “Foi feita uma primeira versão deste projecto adaptada a este tipo de condicionantes, mas dadas as características do terreno, não foi possível avançar com essa solução, uma vez que implicava uma estrutura muito maior, que não acompanhava o terreno, e com um impacte fortíssimo sobre a natureza do existente. Dado que o objectivo deste projecto era sobretudo criar condições de segurança para quem utiliza estes espaços, teve, infelizmente, que se optar por uma segunda versão onde existem apenas alguns locais que permitem o acesso a pessoas com mobilidade condicionada”, explicou.
Junto à Rua Visconde de Morais, procurou ainda dar-se continuidade à ciclovia que liga a cidade das Caldas da Rainha à Foz do Arelho, e criar uma zona de passeio, mas a conclusão deste troço está ainda incompleto e aguarda uma segunda fase.
Embora estando ainda em curso, Nádia Schilling espera que este projecto “contribua a par da melhoria das condições de segurança de quem utiliza estes espaços, para um reequilíbrio ecológico da área, e que permita, a quem visita a Foz do Arelho, uma nova visão sobre a sua paisagem e a possibilidade de usufruir de um dos seus pontos notáveis”.
Quem visitar a Foz do Arelho passará a ter “uma nova visão, mais cuidada e dinâmica”. Para isso houve que “fundir os fatores naturais com os elementos de arquitetura”, tendo sido necessário acautelar algumas preocupações neste processo.
“Uma vez que a intervenção se localiza num espaço natural com características muito especiais, a ideia desenvolveu-se a partir da imagem do que é a dinâmica natural dos sistemas dunares e de arriba: as fractais. Tentou jogar-se com a ideia, ao ter de construir uma estrutura artificial, de que esta tivesse uma forma tão natural quanto possível”, indicou.
“Desta forma, a pretensão foi a de criar um percurso contínuo que distribuísse as pessoas por várias zonas. Estes espaços são procurados sobretudo como espaço contemplativo e de reflexão. Por isso dividiu-se os miradouros em pequenas plataformas individuais sobre-elevadas, que incluem uma cadeira rotativa (para que o utilizador possa escolher para onde olha), o que permite, dentro do possível, que cada pessoa que procura esse momento de reflexão, tenha alguma privacidade”, pormenorizou Nádia Schilling.
“Em simultâneo, foi dado um passo importante na renaturalização dos espaços degradados, criando condições para a sua recuperação, o que incluiu a replantação de vegetação autóctone numa área significativa. Infelizmente, fica ainda muito por fazer, sobretudo ao nível do controlo das espécies invasoras”, comentou a projetista.
Uma grande preocupação foi ainda a de “criar uma estrutura que permitisse o acesso a pessoas com mobilidade condicionada”. “Foi feita uma primeira versão deste projecto adaptada a este tipo de condicionantes, mas dadas as características do terreno, não foi possível avançar com essa solução, uma vez que implicava uma estrutura muito maior, que não acompanhava o terreno, e com um impacte fortíssimo sobre a natureza do existente. Dado que o objectivo deste projecto era sobretudo criar condições de segurança para quem utiliza estes espaços, teve, infelizmente, que se optar por uma segunda versão onde existem apenas alguns locais que permitem o acesso a pessoas com mobilidade condicionada”, explicou.
Junto à Rua Visconde de Morais, procurou ainda dar-se continuidade à ciclovia que liga a cidade das Caldas da Rainha à Foz do Arelho, e criar uma zona de passeio, mas a conclusão deste troço está ainda incompleto e aguarda uma segunda fase.
Embora estando ainda em curso, Nádia Schilling espera que este projecto “contribua a par da melhoria das condições de segurança de quem utiliza estes espaços, para um reequilíbrio ecológico da área, e que permita, a quem visita a Foz do Arelho, uma nova visão sobre a sua paisagem e a possibilidade de usufruir de um dos seus pontos notáveis”.
Francisco Gomes in Jornal das Caldas
20 de Março de 2013